sexta-feira, 29 de julho de 2022

No Boteco do José, 1945

Compositores: Wilson Batista e Augusto Garcez

Intérprete: Linda Batista

Acompanhamento: Benedito Lacerda e Seu Regional

Gravação: 21/09/1945 (lado A do 78 rpm nº 80-0348 da Victor – Matriz S-078294).

Áudio: arquivo IMS

Foto: Revista do Vasco de abril de 1961.


 Letra:

 

Vamos lá

Que hoje é de graça

No boteco do José

Entra homem, entra menino

Entra velho, entra mulher

É só dizer que é vascaíno

Que ali tudo lelé

 

Coro: Vamos lá

Que hoje é de graça

No boteco do José

Entra homem, entra menino

Entra velho, entra mulher

É só dizer que é vascaíno

Que é amigo do Lelé

 

Solta foguete até de madrugada

Canta-se o fado bebendo achampanhada

Segunda-feira só abre por insistência

Quando o Vasco é campeão

Seu José vai à falência!

 

Em 1945, o Vasco foi campeão invicto (com 13 vitórias e 5 empates) e Lelé foi o artilheiro do campeonato, com 13 gols. “No Boteco do José” foi um sucesso no carnaval seguinte.

Manuel Pessanha, o atacante Lelé (23/03/1918 – 16/08/2003), jogou no Vasco de 1943 a 1948. Foi revelado pelo Madureira, onde, com Isaías e Jair Rosa Pinto, formou um trio apelidado de “Os Três Patetas”. Em 1943, os três foram para o Vasco. Lelé foi novamente campeão carioca invicto em 1947 e campeão sul-americano (também invicto) em 1948.

A música foi relançada em várias coletâneas e regravada por diversos intérpretes. Uma de suas releituras é o “Interlúdio Nada Romântico nº 03, ou No Boteco do José”, um pot-pourri com mais três músicas, todas com temática de futebol, escritas pelo compositor rubro-negro Wilson Batista:

 

- “Coisas do Destino”:

Ai, ai, são coisas do destino

Sou Rubro-Negro

Meu patrão é vascaíno (...);

 

- “Samba Rubro Negro” (em parceria com Jorge de Castro);

 

- “...E o Juiz Apitou” (em parceria com Antônio Almeida):

Eu tiro o domingo para descansar

Mas não descansei

Que louco eu fui

Regressei do futebol

Todo queimado de sol

O Flamengo perdeu

Pro Botafogo

Amanhã vou trabalhar

Meu patrão é vascaíno

E de mim vai zombar (...).

 

Essa versão, interpretada por Cláudia Ventura e Rodrigo Alzuguir, é a faixa 24 do CD 2 “O Samba Carioca de Wilson Baptista – O espetáculo” (Biscoito Fino, 2011).

sexta-feira, 22 de julho de 2022

A Sinfonia dos tamancos, 1944

Compositor: Roberto Martins

Intérprete: Gilberto Alves

Acompanhamento: Fon-Fon e Sua Orquestra 

Gravação: 01/09/1944 (lado A do 78 rpm nº 12523 da Odeon – Matriz 7643).

Áudio: arquivo IMS

Foto: A Manhã Esportiva de 10/01/45.



Letra:

 

Plaque, plaque, plaque,

Plaque, plaque,

O meu leiteiro

Já tem dinheiro nos bancos.

Plaque, plaque, plaque,

Plaque, plaque,

Ele inventou

A sinfonia dos tamancos.

 

De madrugada

Ele acorda a freguesia,

Com os tamancos

Tocando a sinfonia

É Vasco até morrer,

Só bebe alvaralhão,

E ainda é sócio

De um varejo de carvão.

 

A coluna “Carnaval”, do jornal A Manhã de 27/01/1945 conta que a música, a princípio, não foi bem-recebida pela comunidade portuguesa:

“Logo após ter sido lançada a marcha ‘Sinfonia dos Tamancos’ (...) formou-se uma onda de murmúrios no seio da briosa Colônia Portuguesa.  É inconcebível e irritante, diziam uns; devemos protestar, argumentavam outros.” (...)

“Mas, toda essa onda foi se amainando, e, já não se fala mais em ‘extermínio’ da música. Atualmente, até a colônia canta satisfeita a gostosa melodia carnavalesca.”

Em entrevista veiculada na mesma coluna, o autor diz que teve a ideia para a composição em Paquetá, quando observou que na ilha se usava muito o tamanco, “por ser mais cômodo e aconselhável”. O ruído constante do “plaque-plaque” do calçado o inspirou. Ele explicou também a citação ao Vasco, mesmo sendo torcedor do América:

“Meu amigo, sou descendente de portugueses. Quase toda a minha família viu a luz do dia na terra de Camões. Portanto, não importa o fato de ser adepto fervoroso do América, e ter as minhas simpatias pelo grêmio cruz-maltino, que considero uma das expressões máximas dos desportos metropolitanos.”


sexta-feira, 15 de julho de 2022

Meu Pavilhão, 1942: 3º lugar no Concurso de Marchas e Hinos

Compositores: João de Freitas e Hernani Correia

Intérprete: Manoel Reis

Acompanhamento: Chiquinho e Seu Ritmo

Lançamento: janeiro de 1943 (lado B do 78 rpm nº 55.394 da Columbia – Matriz 583-1). O lado A era ocupado pela música “Vasco Da Gama”, a vencedora do concurso.

Áudio: arquivo IMS

Foto: livro comemorativo 50 Anos de Glórias

  



Letra:

 

Vasco da Gama evocas a grandeza

Daqui e d’além mar

Teu pavilhão refulge de beleza

Perene a tremular!...

 

Dos braços rijos de teus filhos,

O mar sagrou-te na história!

Reflete pelos céus em forte brilho

O cetro que ostentas da vitória!...

 

Na cancha és o pioneiro!

És o mais forte entre os mil!

Com a fama que ecoa no estrangeiro

Elevas o esporte do Brasil!...

 

O Jornal dos Sports de 17/03/1942 traz uma grande reportagem sobre a música e apresenta os seus autores:

“Ontem recebemos uma inspirada composição musical, denominada ‘Meu Pavilhão’, cuja música é de autoria do popular trombonista Hernani Correia, com letra do jornalista e escritor João de Feitas”.

Em 21/04/1942, referindo-se à apresentação realizada na Rádio Clube do Brasil em 18/04, o mesmo jornal traz a sua análise:

“Meu Pavilhão” tem “Música perfeita, simples e vibrante. Letra boa. O compositor foi muito aplaudido.”

João de Freitas recebeu o prêmio de 1º colocado entre os autores de letras do concurso. O compositor Antônio Pereira dos Santos, que ficou em 11º lugar com a marcha “Vitória” (em parceria com Ignacio Araújo), chegou a criticar o resultado, defendendo que “Meu Pavilhão” era a música que merecia ganhar o 1º lugar:

“(...) O Concurso de marchas e hinos da Legião da Vitória do Club R. Vasco da Gama em combinação com o ‘Jornal dos Sports’ e a Rádio Club do Brasil, venceu Sant-Clair Senna, nome muito conhecido nos anais de compositores com a marcha ‘Vasco da Gama’. Proteção ali foi mato. O Vasco queria um hino, aí está conforme anexo a letra do mesmo para que v.s. veja que tudo no Vasco é errado e todos estão com a razão porque o Vasco queria um hino e premiou uma letra para carnaval! Eu não tenho ambições, mas acho que a vitória devia caber a ‘Meu Pavilhão’ como marcha ou hino é a mais linda para o C.R.V.G.” (Em carta para a coluna “O que há nas PRR”, do jornal “O Diário da Noite”, de 5 de junho de 1942).

Devido a críticas ou ao reconhecimento de suas qualidades, “Meu Pavilhão” viria a se tornar o 2º hino oficial do Vasco. 

A música foi regravada pelo elenco campeão brasileiro de 1974 e lançada no Lado B do compacto CSR 01 (Foto: reprodução internet; áudio: acervo pessoal).


 

A música foi regravada também pelo intérprete Bruno Castro na faixa 14 do CD que acompanha o livro “Os Hinos do Futebol Carioca” (2012) com o título “Segundo Oficial CRVG”.


Flamengo x Vasco, 2011

Compositores e Intérpretes: Melão e Mara Reprodução: Youtube – Gleison Santos     Letra:   Eu vou botar meu time em campo, Meu t...