(Samba-Enredo da Escola de Samba Unidos da Tijuca)
Compositores: Azeitona, Beto do Pandeiro, Ditão, Gilmar Silva, Ivan Bombeiro, Nêgo, Vaguinho, Valtinho da Ladeira e Vicente das Neves
Intérprete: Nêgo e bateria da Unidos da Tijuca (Diretor de Bateria: Mestre Paulinho)
Lançamento: 1989 (faixa 13 do álbum “Sambas De Enredo Das Escolas De Samba Do Grupo 1A - Carnaval 90”, da BMG)
Áudio: acervo pessoal
Foto: reprodução internet
Letra:
Por mares nunca dantes navegados
Meu Borel vem empolgado
Pra mostrar
Terras e eras tão distantes
Um passado emocionante
Vou contar (laraiá...)
Na Idade Média, quando tudo começou
O povo já pensava em ser feliz
Os lusitanos na guerra cristã
Contra os mouros defendiam o seu país
Salve o infante D. Henrique
A Portugal prestou serviços relevantes
Os portugueses desbravaram o oceano
Descobrindo novos horizontes
São caravelas
Ventos de liberdade e amor
E nessa onda
Seu Cabral nos encontrou
Heranças deixaram
Tantas em nosso torrão
Do idioma à religião
E essa miscigenação que originou
A nossa mulata sedução
Cá pra nós, o samba não veio de lá
Mas trouxeram o negro que é arte, é cultura
Que nos ensinou a batucar
Terrinha boa, que saudade dá
O Borel em poesia
Hoje vai te visitar
Levar meu samba, vou cruzar o mar
Só gente bamba vai desembarcar
Vasco da Gama, bacalhau
Ouvir o fado, eu vou
Ficar mamado também
Bebendo vinho lá em Portugal
O enredo de 1990 da Unidos da Tijuca sobre Portugal foi sugerido pelo presidente da escola, Fernando Horta. O desfile se dividiu em quatro partes: a formação de Portugal, as grandes navegações, as heranças portuguesas e, por último, “Brasil descobriu Portugal” (mostrando os brasileiros que fizeram o caminho inverso e se mudaram para Portugal, fugindo da crise econômica do final da década de 80).
Entre as heranças portuguesas da terceira parte do desfile, a escola homenageou o Vasco da Gama, com menção na letra e um carro alegórico (“Carro do Bacalhau”) dedicado ao clube.
O desfile, desenvolvido pelos carnavalescos Luiz Fernando Reis e Flávio Tavares, recebeu algumas críticas negativas. Por exemplo, no Jornal do Brasil de 28 de fevereiro daquele ano lê-se que: “a imagem do colonizador para eles se resume hoje a boas heranças: o bacalhau, o vinho e o fado, não excluindo nem mesmo o Vasco. Mas, até chegar a essa conclusão, o público teve que ver muita cruz de malta, brasões e repetidas vezes as cores vermelho e verde”. No entanto, o samba recebeu elogios. O jornal destacou que: “serviu para descontrair o carro em homenagem ao Vasco, com bandeira e escudo, vaiado no setor 4”. Na apuração, a escola ficou em 9º lugar (de 16), com o samba ganhando nota máxima.
O Globo, 26/02/1990 |
Revista Manchete, 17/03/1990 |