(Samba-Enredo da Escola de Samba Em Cima da Hora)
Compositores: Andre Kaballa, Gilmar L. Silva, Lico Monteiro, Luizinho Das Camisas, Marcio de Deus, Michel Do Alto, Orlando Ambrosio, Renan Diniz, Serginho Rocco, Thiago Sousa, Tinga e Washington Mota
Intérpretes: Maderson Carvalho e Igor Pitta
Áudio: reprodução internet
Foto: reprodução internet
Letra:
Em Cima da Hora, o povo te abraça
Orlando Baptista, um samba de amor
Mestre dos mestres, o nosso locutor!
Que o rádio eternizou
Sopra o vento
Pelos oceanos navegar… tanto mar!
Caminho para as Índias encontrar
Almirante dos mares, tantas terras, lugares
Cruz de Malta a tremular
Sonhava o menino, cumprir seu destino
Ser Vasco da Gama, tua sina é lutar
Nesse mundo aventurar
Sonha, menino, sonha
Em ser um conquistador
De tanto sonhar, menino
Teu sonho realizou
Lá no alto da pedreira… kaô!
Mora a justiça verdadeira, de seu pai Xangô
Um raio clareia pra iluminar teu caminhar
Foi retratando as emoções de cada um de nós
Com sua voz presente em tantos mundiais
Apaixonado pelos gramados
Urubu rei, seus eternos rivais
Voa com a águia altaneira
Canta Cavalcante com emoção
Vem da arquibancada o grito de campeão!
A escola de Samba Em Cima da Hora, fundada em 1959, homenageou no Carnaval de 2019 o laureado locutor esportivo Orlando Baptista (11 de julho de 1928 – 26 de janeiro de 2012). Orlando narrou 14 copas do mundo (de 1950 a 2002, com as cinco conquistas do Brasil) e era torcedor do Vasco da Gama. Conforme a sinopse do carnavalesco Rodrigo Almeida:
“Voltei. O tempo passa e nem sentimos virar adultos. Ainda me lembro das noites que amarrava o lençol no pescoço e subia no braço do sofá imaginando ser Vasco da Gama. Eu gritava: terra à vista! em alto e bom som, para que todos ouvissem na casa imaginando todas as riquezas que poderiam, lá, existir. Eis minha primeira paixão: o clube originado do nome do desbravador português.”
O desfile foi planejado para contar com 800 componentes e três alegorias, exibindo a descoberta do caminho para as Índias por Vasco da Gama; o time do homenageado; os eventos esportivos por ele narrados; e uma saudação à Portela, sua escola do coração (e madrinha da Em Cima da Hora). A agremiação ficou em 5º lugar na Série B (correspondente à terceira divisão).
O enredo sobre o radialista estava previsto para ser desenvolvido pela escola de samba União de Vaz Lobo (da Série E) no Carnaval 2018, com o nome: “Orlando Baptista: ainda ecoa, entre nós, seu criativo grito de gol”. No entanto, a escola, fundada em 1930, acabou por não desfilar naquele ano.
A sinopse da Vaz Lobo, desenvolvida por Luiz Orlando Baptista Chagas, filho do radialista, trazia mais detalhes sobre sua ligação com o Vasco:
“O jovem Orlando, que desejava seguir a carreira de cantor, passou a gostar de futebol e, na sua juventude, escolheu o Fluminense, como clube do coração.
Os anos se passaram e ele se ligou aos homens do Vasco, especialmente, ao ex-presidente, Antônio Soares Calçada, e seu coração deixou de ser verde, vermelho e branco e passou a, apenas, ‘ser pintado’ de duas cores: o branco e preto.
Orlando, então, que houvera adquirido amor, pelo futebol, transformou-se em locutor esportivo e teve uma ‘grande sacada’: se as rádios Globo e Tupi disputavam a audiência da torcida do Flamengo, por que eu não tento segurar a do Vasco (segunda maior do país, à época), passando a priorizar as transmissões dos jogos vascaínos, colhendo os frutos desta sua escolha: em São Januário, parecia, até, que o alto falante do estádio retransmitia sua narrativa, tamanha era sua audiência entre os torcedores do Vasco da Gama.”
O samba da União de Vaz Lobo também já estava definido:
Autores: Jorge Velloso e Marquinhos
Intérpretes: Gilmar Simpatia, Bakaninha e Thiago Marques
Letra:
Recordar é viver
Saudade no peito apertou
Vou falar é de você
Orlando Baptista é o show
Doce lembrança de criança com seu pai
Talento nato despontava o cantor
Foi na Gamboa onde nasceu e cresceu
Se tornou bacharel, em direito, um doutor
No “bate-papo” e na tevê
Ecoa sua voz
Inesquecível para nós
A bola rola, veja gringo como é
A malícia brasileira no “bailado” do Mané
14 copas ele nos emocionou
“Bota no meio”, gritava, é gol
A bola rola, veja gringo como é
A malícia brasileira no “gingado” do Pelé
14 copas ele nos emocionou
“Bota no meio”, gritava, é gol
Em outros esportes
Presença importante
Narrando vitórias
Momentos marcantes
O mais laureado entre glórias e premiações
Eterno vascaíno e por Lindalva apaixonado
Natal, da sua águia, o fez comendador
Orgulho desse povo torcedor
Orgulho desse povo torcedor
Bate palma aí
Que felicidade
Vaz Lobo voltou
Sacode a cidade
Danda, quem sonhou foi só você
Pra sempre reviver
(Sinopses completas e outras informações disponíveis no blog Samba na Intendente)
Em 26 de janeiro de 2012, o Vasco publicou nota (reproduzida no site Netvasco) lamentando o falecimento de seu ilustre torcedor:
“A diretoria do Club de Regatas Vasco da Gama cumpre o doloroso dever de comunicar o falecimento aos 83 anos, do grande vascaíno, jornalista, radialista e narrador esportivo, Orlando Batista das Chagas ou simplesmente, Orlando Batista, de enfarte.
Orlando era considerado um dos maiores ‘monstros sagrados’ do rádio esportivo e entre as suas façanhas está a cobertura de 14 copas do mundo, sendo a última em 2002, quando conquistamos o pentacampeonato.
Orlando comandou durante anos o programa ‘Turma do Bate-Papo’, inicialmente na rádio Mauá e por último, na rádio Nacional além do ‘Campo do 13’ na TV Record e ‘Dois na Bola’, na TV Brasil.”