sexta-feira, 26 de agosto de 2022

O Expresso Continua, 1946

Compositor: Renato Batista

Intérprete: Adelino Moreira

Lançamento: junho de 1946 (lado B do 78 rpm nº 15.651 da Continental – Matriz 1448).

Áudio: arquivo IMS

Foto: Esporte Ilustrado de 27/06/1946 (editada).

 

Letra:

 

Ele: Então, Fernanda? Este ano o Vasco vai para as cabeceiras?

Ela: Vai, como é que não? Estamos confiantes no bicampeonato, Adelino.

Ele: Posso então garantir aos vascaínos que o Expresso continua?

Ela: Podes garantir, que já garantes tarde, rapaz.

 

Viva o Vasco! Viva!

 

Lá-rá-rá-rá-rá-rá-rá

Lá-rá-rá-rá-rá-rá-rá

Lá-rá-rá-rá-rá-rá-rá

Lá-rá-rá-rá-rá-rá-rá

 

Este ano é que o Expresso não para

Não, ah papai, a turma é de valor

O Almirante já partiu na Caravela

E vai trazer dentro dela novo meia sem pudor

Com mais amor

 

Antonico protestou: ­Não pode ser!

Quer o tento e não amola

Mas o Almirante estilou porque a miss me contou

Os amores do Cartola

É boa a bola.

 

Este ano é que o Expresso não para

Não, ah papai, a turma é de valor

O Almirante já partiu na Caravela

E vai trazer dentro dela novo meia sem pudor

Com mais amor

 

Almirante, sonho ardente

Das jovens namoradeiras

Já diz pr’aí toda gente

Ai, meu Deus, como é diferente,

O amor nas Laranjeiras.

Nas Laranjeiras....

 

A música se refere à ida de Ademir Menezes para o Fluminense, e à dúvida se o “Expresso” continuaria a vencer sem um de seus maiores ídolos. Diz que o Almirante vascaíno já partiu em uma Caravela para conseguir outro meia para jogar no Vasco. O símbolo do Fluminense, o Cartola, e sua sede nas Laranjeiras também são citados.

Ademir jogou no Vasco de 1942 a 1945, vindo do Sport Club Recife. Em 1945, fez parte da equipe que conquistou o Campeonato Carioca de forma invicta. Foi para o Fluminense no ano seguinte, após o técnico do Tricolor, Gentil Cardoso, prometer: “Deem-me Ademir que eu lhes darei a taça”. O Vasco venceu o Torneio Relâmpago (março) e o Municipal (junho), mas o time das Laranjeiras foi o campeão carioca.

Em 1947, ainda sem Ademir, o Vasco reconquistou a hegemonia e foi Campeão Carioca invicto. Em 1948, o jogador voltou para o Vasco e foi um dos campeões do Sul-Americano de Clubes de 1948, mais uma vez sem perder nenhum jogo. Foi ainda campeão carioca em 1949 (invicto), 1950, 1952 e 1956, e artilheiro em 1949 e 1950.

Em entrevista ao Jornal do Brasil de 02/02/86, Ademir relembra, sobre sua passagem pelo Fluminense:

“A maior recordação que tenho das Laranjeiras era a torcida do Vasco gritando ‘papai’, tentando mexer comigo por causa de meu pai, que resolvia todos os meus problemas.”

sexta-feira, 19 de agosto de 2022

O Expresso não parou, 1946

Compositores: Ari Cordovil e Isidoro de Freitas

Intérpretes: Jorge Veiga e Ari Cordovil

Acompanhamento: Benedito Lacerda e Seu Conjunto

Lançamento: março de 1946 (lado B do 78 rpm nº 15.590 da Continental – Matriz 1389).

Áudio: arquivo IMS

Foto: Jornal dos Sports de 13/11/1945.  


Letra:

 

Ai, ai, ai, ai
Como cansa esperar
O Expresso da Vitória parar

Ai, ai, ai, ai
Como cansa esperar
O Expresso da Vitória parar

Em São Cristóvão esperei bastante tempo
Em Madureira esperei muito mais
Lá em Bangu, mais ou menos uma hora
Mas o Expresso não parou até agora

Ai, ai, ai, ai
Como cansa esperar
O Expresso da Vitória parar

Ai, ai, ai, ai
Como cansa esperar
O Expresso da Vitória parar


Em Botafogo o pato estrilou
Mas mesmo assim o Expresso não parou
Lá na Gávea espinafre vai faltar
Coro: Casá, Casá, Casaca, a turma é da fuzarca

Ai, ai, ai, ai...

A música aborda o Campeonato Carioca de 1945, vencido pelo Vasco. Faz referência a alguns dos adversários enfrentados pelo clube:

- São Cristóvão, a quem venceu por 1x0 e 5x1;

- Madureira, que venceu por 4x1 e 4x0;

- Bangu, 5x1 e 6x2;

- Botafogo, quando o “pato estrilou” (protestou, reclamou): o Vasco venceu o 1º jogo por 1x0 e empatou o 2º por 2x2. O Pato Donald era, na época, mascote do Botafogo. No entanto, mesmo com a estrilada do pato e o consequente empate, o Expresso não parou e continuou ganhando jogos;

- Flamengo, cujo mascote era o marinheiro Popeye. A música diz que na Gávea faltaria espinafre, o alimento que fortalecia Popeye nos desenhos. O Vasco venceu o 1º jogo por 2x1 e empatou o 2º (o último jogo do campeonato) por 2x2, sagrando-se campeão invicto.

“Em 1947, com a vitória do Vasco da Gama no campeonato carioca de futebol, Ari Cordovil fez um samba denominado ‘O Expresso Não Parou’. Para gravá-lo obteve a ajuda de Ciro Aranha, presidente dos vascaínos, que se comprometeu a comprar cinco mil discos à Continental. Esta gravadora, porém, queria que o samba fosse gravado por Jorge Veiga. Diante da imposição de Ari Cordovil chegou-se a um acordo: a gravação saiu mesmo feita pelos dois, estando na outra face ‘Fui um Louco’, que afinal conseguiu maior sucesso. O Disco, entretanto, não elevou Ari Cordovil no mundo artístico. E só em 1956 voltou ele a gravar (...)”.

sexta-feira, 12 de agosto de 2022

Eu fiz um fado, 1945

Compositores: Alberto Ribeiro e Janet de Almeida

Intérpretes: Joel e Gaúcho

Acompanhamento: Abel e Sua Orquestra

Gravação: 17/12/1945 (lado B do 78 rpm nº 12.666 da Odeon – Matriz 7966).

Áudio: arquivo IMS

Foto: Esporte Ilustrado de 29/11/1945 (reprodução internet).  


 

 

Letra:

 

Eu fiz um fado,

Ela fez outro,

Nós dois fizemos dois fados

Para exaltar em terra e mar

O campeão dos secos e molhados.

 

Eu fiz um fado,

Ela fez outro,

Nós dois fizemos dois fados

Para exaltar em terra e mar

O campeão dos secos e molhados.

 

Salve o Rodrigues, o Augusto, o Rafanelli

Salve o Berasce, o Ely e o Argemiro na defesa,

Salve o Ademir, o Lelé, o Isaías,

O Jair e mais o Chico,

E a colônia portuguesa.

 

Eu fiz um fado,

Ela fez outro,

Nós dois fizemos dois fados

Para exaltar em terra e mar

O campeão dos secos e molhados.

 

(Outra vez!)

 

Eu fiz um fado,

Ela fez outro,

Nós dois fizemos dois fados

Para exaltar em terra e mar

O campeão dos secos e molhados.

 

(Olha o Vasco!)

 

A música exalta o Vasco da Gama, “campeão dos secos e molhados”, em um trocadilho com um comércio tipicamente português. Em 1945, o time foi Campeão Invicto de Mar e Terra, título que valeu a primeira estrela dourada na bandeira. A letra enumera os jogadores do time-base campeão carioca: Rodrigues, Augusto, Rafanelli, Berasce (Berascochea), Ely, Argemiro, Ademir (o 2º maior artilheiro da história do clube), Lelé, Isaías, Jair e Chico.

O goleiro Gabriel Rodrigues, que estreou na 5ª rodada do Campeonato Carioca e realizou 12 jogos como titular, se retirou do futebol logo após a conquista do título. Durante suas férias, em Caxambu, comprou um bilhete de loteria e foi premiado. Sua aposentadoria do futebol abriu caminho para que o goleiro Barbosa se tornasse titular do time.

A dupla Joel e Gaúcho (Joel de Almeida e Francisco de Paula Brandão Rangel) fez grande sucesso na década de 40. Entre as músicas gravadas pela dupla está a marchinha “Aurora” (lançada para o carnaval de 1941), de Roberto Roberti e Mário Lago, que a torcida do Vasco cantaria, 70 anos depois, na goleada do Vasco sobre o Aurora, da Bolívia, por 8 a 3, em partida válida pelas oitavas de final da Copa Sul-Americana de 2011 (Foto: reprodução internet; áudio: arquivo IMS).



sexta-feira, 5 de agosto de 2022

Entra Vasco, 1946

Compositores: Arnaldo Paes e Ari Monteiro

Intérprete: Aracy de Almeida

Acompanhamento: Abel com Claudionor Cruz e Seu Conjunto

Gravação: 29/11/1945 (lado A do 78 rpm nº 12.659 da Odeon – Matriz 7945).

Áudio: arquivo IMS

Foto: selo do disco (reprodução internet)


 Letra:

 

Eu já não bebo mais o meu vinho alvaralhão,

Troquei minha guitarra por um bom violão,

Eu já não posso, ai, eu já não posso,

Tomar cerveja preta acompanhada por tremoços

Coro: Eu já não posso, ai, eu já não posso,

Tomar cerveja preta acompanhada por tremoços

 

Sou lusitana, natural da Beira Alta,

Aqui no Rio só gosto é da Cruz de Malta

Ainda me dizem que eu só gosto de churrasco,

Quando o time entra em campo eu só grito: “Entra, Vasco!”

 

O “Jornal das Moças” de 12/08/1943, três anos antes do lançamento da música acima, fala sobre Aracy de Almeida e seu time do coração:

“A Aracy de Almeida também já gostou de futebol. Às vezes ela fazia aquele coro característico e antigo: ‘Entra Vasco, etc., etc...’, hoje, coitada, ela não torce mais, está ‘na cerca’.”

O tema de “Entra Vasco” é uma lusitana que, aos poucos, vai abandonando os hábitos portugueses (vinho alvaralhão, guitarra, tremoços...) e se abrasileirando. Seu time de coração, como não poderia deixar de ser, é o Vasco.

Entre 1938 e 1942, Aracy foi casada com o goleiro José Fontana, conhecido como Rey, que jogou no Vasco de 1933 a 1938 e foi campeão carioca em 1934 e 1936.

Flamengo x Vasco, 2011

Compositores e Intérpretes: Melão e Mara Reprodução: Youtube – Gleison Santos     Letra:   Eu vou botar meu time em campo, Meu t...