Compositor: Renato Batista
Intérprete: Adelino Moreira
Lançamento: junho de 1946 (lado B do 78 rpm nº 15.651 da Continental – Matriz 1448).
Áudio: arquivo IMS
Foto: Esporte
Ilustrado de 27/06/1946 (editada).
Letra:
Ele: Então, Fernanda? Este ano o Vasco vai para as cabeceiras?
Ela: Vai, como é que não? Estamos confiantes no bicampeonato, Adelino.
Ele: Posso então garantir aos vascaínos que o Expresso continua?
Ela: Podes garantir, que já garantes tarde, rapaz.
Viva o Vasco! Viva!
Lá-rá-rá-rá-rá-rá-rá
Lá-rá-rá-rá-rá-rá-rá
Lá-rá-rá-rá-rá-rá-rá
Lá-rá-rá-rá-rá-rá-rá
Este ano é que o Expresso não para
Não, ah papai, a turma é de valor
O Almirante já partiu na Caravela
E vai trazer dentro dela novo meia sem pudor
Com mais amor
Antonico protestou: Não pode ser!
Quer o tento e não amola
Mas o Almirante estilou porque a miss me contou
Os amores do Cartola
É boa a bola.
Este ano é que o Expresso não para
Não, ah papai, a turma é de valor
O Almirante já partiu na Caravela
E vai trazer dentro dela novo meia sem pudor
Com mais amor
Almirante, sonho ardente
Das jovens namoradeiras
Já diz pr’aí toda gente
Ai, meu Deus, como é diferente,
O amor nas Laranjeiras.
Nas Laranjeiras....
A música se refere à ida de Ademir Menezes para o Fluminense, e à dúvida se o “Expresso” continuaria a vencer sem um de seus maiores ídolos. Diz que o Almirante vascaíno já partiu em uma Caravela para conseguir outro meia para jogar no Vasco. O símbolo do Fluminense, o Cartola, e sua sede nas Laranjeiras também são citados.
Ademir jogou no Vasco de 1942 a 1945, vindo do Sport Club Recife. Em 1945, fez parte da equipe que conquistou o Campeonato Carioca de forma invicta. Foi para o Fluminense no ano seguinte, após o técnico do Tricolor, Gentil Cardoso, prometer: “Deem-me Ademir que eu lhes darei a taça”. O Vasco venceu o Torneio Relâmpago (março) e o Municipal (junho), mas o time das Laranjeiras foi o campeão carioca.
Em 1947, ainda sem Ademir, o Vasco reconquistou a hegemonia e foi Campeão Carioca invicto. Em 1948, o jogador voltou para o Vasco e foi um dos campeões do Sul-Americano de Clubes de 1948, mais uma vez sem perder nenhum jogo. Foi ainda campeão carioca em 1949 (invicto), 1950, 1952 e 1956, e artilheiro em 1949 e 1950.
Em entrevista ao Jornal do Brasil de 02/02/86, Ademir relembra, sobre sua passagem pelo Fluminense:
“A maior recordação que tenho das Laranjeiras era a torcida do Vasco gritando ‘papai’, tentando mexer comigo por causa de meu pai, que resolvia todos os meus problemas.”