(Samba-Enredo da Escola de Samba Lins Imperial)
Compositores: Alvim e Jorge Branco
Intérprete: Anderson Paz
Áudio: reprodução internet
Foto: Twitter do fotógrafo Juha Tamminen (Pai Santana no Carnaval de 1993)
Letra:
Viajando, o mensageiro da paz
Por um portal que a Lins criou
Volta no tempo à terra dos seus ancestrais
E vem contar tudo o que viu e ouviu
Nos 500 anos do Brasil
Vem, quem espera sempre alcança
Pra que chorar? Vamos sorrir!
Você pra mim é muito mais que especial
De verde e rosa vou brincar meu carnaval
Vi a África tão linda
Em todo o seu esplendor, ô, ô
Vi o branco escravizando, amor
Meu irmão de cor
Oh, divina mão que assinou
Sofrimento nunca mais
Negro dançou, comemorou
No rufar do seu tambor
Agradecendo aos orixás
Dança cavalhada, congada e maracatu
Reisado, folia de reis
Olha a Lins Imperial fazendo a festa pra vocês
Oh, Pai Santana
Oh, Pai Santana, na tua força eu me inspiro pra cantar
Exemplo de menino pobre
Mas de sentimento nobre é coroado Rei Congá
Hoje tem fuzarca
A galera vai cantar
Esse negro mirongueiro
É campeão de terra e mar!
A Sociedade Recreativa Escola de Samba Lins Imperial surgiu em 1963 da fusão de duas outras escolas (Filhos do Deserto, fundada em 1933, e Flor do Lins, de 1946). O enredo “No ano 2000, o Rei Congá é cultura nos 500 anos do Brasil”, desenvolvido pelo carnavalesco Jorge Caribé, homenageou o lendário Eduardo Santana (1934-2011), conhecido como Pai Santana, massagista do Vasco e Rei Congá do Carnaval carioca. O desfile ficou em 6º lugar no Grupo B (correspondente à terceira divisão).
Santana era “neto de
escrava, seu pai era de santo, daqueles que escolhiam quem partia ou ficava.
Diante das encruzilhadas da vida, Eduardo Santana pegou a trilha da cultura
ancestral. Nasceu em Minas, passou por terreiros de Salvador e permaneceu à
margem, num abrigo para menores no Rio. A integração veio pelo esporte, numa
colina onde negros e colonizadores formam uma nação. Macumbeiro oficial do
Vasco, clube de tradição católica, Pai Santana encarna o espírito romântico do
futebol. Da época em que a magia estava na ligação afetiva entre as pessoas.” (O
Globo, reproduzido no site Netvasco).
O posto de Rei Congá no Carnaval carioca veio com a lei nº 1671 de 25 de janeiro de 1991, que instituiu no Carnaval “a figura do Rei Congá ou Rei Negro”.
Ao Jornal dos
Sports de 1º de março de 1992, Santana declarou: “Só porque estou gordinho,
gostam de me comparar com o Rei Momo, mas ele desfila em carro alegórico e eu
vou na pista. É preciso muito fôlego, mas eu encaro”. O mesmo jornal, de 25 de
fevereiro do ano seguinte, confirmou a vitalidade do Rei Congá carioca: “O
lendário ‘Pai’ Santana foi literalmente o dono da Avenida. Como Rei Negro do
carnaval carioca teve que desfilar à frente de todas as escolas. Sua maratona
começou na quinta-feira, com o desfile das escolas mirins, continuou na
sexta-feira e sábado, com o desfile do segundo grupo, prosseguiu no domingo se
segunda-feira, com o grupo especial, e terminou ontem, pela manhã, com o
desfile do Grupo 2. Com tudo isso, não deixou de ir ao Vasco, onde trabalhou
normalmente na terça, à tarde, e ontem pela manhã”.
Jornal do Brasil, 26/02/1992 |
O Fluminense, 20 e 21/03/1994 |
Nos anos 2000, Santana continuou indo à Avenida, como registrou o Jornal do Brasil de 24 de fevereiro de 2004: “À frente das escolas, passava o carrinho elétrico do Vasco da Gama que circula em São Januário. Era Pai Santana, folião habitual na Sapucaí: ‘Estou com uma perna ruim’.” No Carnaval de 2005 ele voltou a representar o Rei Congá, como registou foto reproduzida pelo site Netvasco (abaixo), com a legenda: “ele é conduzido na avenida por Penedo, ex-motorista e condutor da maca móvel do Vasco”.
Jornal dos Sports, 03/03/2003 |
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