sexta-feira, 27 de janeiro de 2023

E o Borel descobriu... Navegar foi preciso!, 1990

(Samba-Enredo da Escola de Samba Unidos da Tijuca)

Compositores: Azeitona, Beto do Pandeiro, Ditão, Gilmar Silva, Ivan Bombeiro, Nêgo, Vaguinho, Valtinho da Ladeira e Vicente das Neves

Intérprete: Nêgo e bateria da Unidos da Tijuca (Diretor de Bateria: Mestre Paulinho)

Lançamento: 1989 (faixa 13 do álbum “Sambas De Enredo Das Escolas De Samba Do Grupo 1A - Carnaval 90”, da BMG)

Áudio: acervo pessoal

Foto: reprodução internet


Letra:

 

Por mares nunca dantes navegados

Meu Borel vem empolgado

Pra mostrar

Terras e eras tão distantes

Um passado emocionante

Vou contar (laraiá...)

Na Idade Média, quando tudo começou

O povo já pensava em ser feliz

Os lusitanos na guerra cristã

Contra os mouros defendiam o seu país

Salve o infante D. Henrique

A Portugal prestou serviços relevantes

Os portugueses desbravaram o oceano

Descobrindo novos horizontes

 

São caravelas

Ventos de liberdade e amor

E nessa onda

Seu Cabral nos encontrou

 

Heranças deixaram

Tantas em nosso torrão

Do idioma à religião

E essa miscigenação que originou

A nossa mulata sedução

Cá pra nós, o samba não veio de lá

Mas trouxeram o negro que é arte, é cultura

Que nos ensinou a batucar

Terrinha boa, que saudade dá

O Borel em poesia

Hoje vai te visitar

Levar meu samba, vou cruzar o mar

Só gente bamba vai desembarcar

 

Vasco da Gama, bacalhau

Ouvir o fado, eu vou

Ficar mamado também

Bebendo vinho lá em Portugal

 

O enredo de 1990 da Unidos da Tijuca sobre Portugal foi sugerido pelo presidente da escola, Fernando Horta. O desfile se dividiu em quatro partes: a formação de Portugal, as grandes navegações, as heranças portuguesas e, por último, “Brasil descobriu Portugal” (mostrando os brasileiros que fizeram o caminho inverso e se mudaram para Portugal, fugindo da crise econômica do final da década de 80).

Entre as heranças portuguesas da terceira parte do desfile, a escola homenageou o Vasco da Gama, com menção na letra e um carro alegórico (“Carro do Bacalhau”) dedicado ao clube.

O desfile, desenvolvido pelos carnavalescos Luiz Fernando Reis e Flávio Tavares, recebeu algumas críticas negativas. Por exemplo, no Jornal do Brasil de 28 de fevereiro daquele ano lê-se que: “a imagem do colonizador para eles se resume hoje a boas heranças: o bacalhau, o vinho e o fado, não excluindo nem mesmo o Vasco. Mas, até chegar a essa conclusão, o público teve que ver muita cruz de malta, brasões e repetidas vezes as cores vermelho e verde”. No entanto, o samba recebeu elogios. O jornal destacou que: “serviu para descontrair o carro em homenagem ao Vasco, com bandeira e escudo, vaiado no setor 4”. Na apuração, a escola ficou em 9º lugar (de 16), com o samba ganhando nota máxima.

O Globo, 26/02/1990


Revista Manchete, 17/03/1990

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