(Samba-Enredo da Escola de Samba Unidos da Tijuca)
Compositores: Adalto Magalha, Serginho do Porto, Márcio Paiva e Adilson Gavião
Intérprete: Serginho do Porto e bateria da Unidos da Tijuca (Diretor de Bateria: Mestre Ciça)
Lançamento: 1997 (faixa 10 do álbum “Sambas de enredo das Escolas de Samba do Grupo Especial – Carnaval 1998”, da BMG)
Áudio: acervo pessoal
Foto: Revista Manchete de 28/02/1998
Letra:
Eu sou Cruz de Malta, sou felicidade
Vou balançar toda a cidade
Eu gosto assim!
Vamos nessa, Tijuca! Agora é pra valer! Segura! No suingue!
Vamos vibrar meu povão (É gol, é gol)
A rede vai balançar, vai balançar
Sou Vasco da Gama, meu bem
Campeão de terra e mar
Através da mão divina (Amor)
Naveguei (naveguei)
O meu sonho de menino
Quis assim o meu destino
Portugal e toda a Europa encantei
Naveguei
E novos povos encontrei
Por tempestades e lendas eu passei
Pra um almirante a coragem é a lei
Por tantos mares viajei
Na Índia eu então cheguei
Veio o progresso nessa aventura
Descobertas e culturas
É nessa onda que eu vou
O povo vai recordar
Vem com a Unidos da Tijuca festejar
Rio de Janeiro brasileiro meu irmão (Eu sou, eu sou)
Sou Vasco da Gama tantas vezes campeão
Quando entra no gramado me alucina
Esse clube da colina centenário de paixão
Estrela no céu a brilhar
Que faz essa galera delirar
Em 1998, a Unidos da Tijuca apresentou um desfile em homenagem ao centenário do Club de Regatas Vasco da Gama, começando com a história do almirante português que deu nome ao clube.
O samba entrou para o repertório vascaíno, cantado pela torcida nas arquibancadas, relançado no CD “Vasco da Gama – 100 anos de sucesso” e regravado por Sérgio Gama, Thiago Brito e Paulinho Mocidade em 2012 para o CD e o DVD “Vamos todos cantar de coração – O Show”.
Um pouco mais sobre o enredo (Fonte: Netvasco)
Na madrugada de 23 para 24 de fevereiro de 1998 (...) o Vasco recebeu uma das homenagens mais bonitas de sua história: foi enredo da escola de samba Unidos da Tijuca no tradicional desfile da Marquês de Sapucaí, ponto alto do Carnaval do Rio de Janeiro.
A aproximação entre as duas instituições se deu pelo fato do presidente da Unidos da Tijuca, Fernando Horta, português de nascimento (aliás, fato único entre as grandes escolas de samba cariocas), ter fortes ligações com o Vasco. Como o ano de 1998 marcava também os 500 anos da descoberta do caminho marítimo para as Índias pelo Almirante Vasco da Gama, a ideia de homenagear tanto o navegador quanto o clube no Sambódromo surgiu naturalmente.
A responsabilidade
de contar na avenida a história de um dos personagens portugueses mais
importantes de todos os tempos e, ao mesmo tempo, a do clube idolatrado por
milhões de brasileiros coube ao carnavalesco Oswaldo Jardim, ex-Mangueira. O
nome escolhido para o enredo foi "De Gama a Vasco A Epopeia da
Tijuca". (...)
A Unidos da Tijuca
foi designada como a sexta escola a desfilar na segunda-feira de Carnaval, num
total de sete. Devido ao seu enredo falando sobre o Vasco, os ingressos para
este dia esgotaram-se rapidamente, contrariando uma tradição de vários anos
segundo a qual as entradas para o desfile de domingo costumavam ser as mais
procuradas pelo público.
O fato do Vasco ter
se sagrado campeão brasileiro em 1997 aumentava ainda mais a expectativa para o
desfile. No ano de seu centenário, o Clube da Colina se via novamente na
Libertadores e tinha acabado de fechar uma parceria milionária com uma
instituição bancária dos Estados Unidos, o Nations Bank (mais tarde englobada
pelo Bank of America).
O time, que contava
com Carlos Germano, Odvan, Mauro Galvão, Felipe, Nasa, Luizinho, Pedrinho,
Juninho (o complemento “Pernambucano” só surgiria em 2000, com a vinda do outro
Juninho, que virou Juninho Paulista), Ramon, Donizete e Luizão, participou em
peso do desfile. Roberto Dinamite, ídolo maior dos vascaínos, veio em cima de
um carro alegórico juntamente com o técnico Antônio Lopes, o presidente Antônio
Soares Calçada e o 1º vice-presidente Amadeu Pinto da Rocha. Eurico Miranda,
então 2º vice-presidente, cantava a plenos pulmões o samba-enredo trajando um
uniforme estilizado do clube. (...)
Um “reforço de peso”
vindo diretamente da Itália também participou da festa, ora evoluindo no chão,
ora sobre um carro alegórico: Edmundo, que simplesmente acabara com a bola no
Campeonato Brasileiro de 1997 e estava na Fiorentina. Curiosamente, o Animal
havia cogitado não desfilar na Unidos da Tijuca por causa de sua ligação com o
Salgueiro, mas mudou de ideia (...).
O desfile da Unidos
da Tijuca levantou as arquibancadas da Sapucaí. Se em nenhum momento foi
apontada como uma das candidatas ao título, a escola tijucana teve sua atuação
empolgante e tecnicamente correta destacada pela imprensa. O Jornal do Brasil,
por exemplo, escreveu:
“A Unidos da Tijuca
surpreendeu. Não está na briga pelo título, mas fez seu melhor desfile dos
últimos tempos. Com um enredo perigoso – uma homenagem ao centenário do Vasco
da Gama –, conseguiu vencer o risco de despertar a antipatia da torcida inimiga
e saiu aplaudida. (...) Dificilmente, a Unidos da Tijuca estará no Desfile das
Campeãs, no sábado que vem. Mas, como há muito tempo não acontecia, a escola
deixou a avenida com a certeza de que fez bonito.” (...)
Na hora da apuração, entretanto, uma surpresa: com apenas 238 dos 270 pontos possíveis, a Unidos da Tijuca acabou em 13º e penúltimo lugar, somente à frente da Porto da Pedra. Ambas foram rebaixadas para o Grupo A, equivalente à segunda divisão. O título acabou dividido entre a Mangueira e a Beija-Flor, que obtiveram a pontuação máxima. (...)
O tempo, entretanto, compensou as duas agremiações. O Vasco conquistou, só naquele ano de 1998, a Taça Guanabara, a Taça Rio, o Campeonato Estadual e a Taça Libertadores da América no futebol; o Campeonato Sul-Americano de basquete (primeira conquista internacional do basquete carioca); e o Campeonato Estadual de remo, garantindo o título simbólico de “Campeão de Terra e Mar”. Já a Unidos da Tijuca voltou à elite em grande estilo, vencendo o Grupo A do Carnaval de 1999 com nota dez em todos os quesitos. (...)
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