sexta-feira, 13 de janeiro de 2023

De Gama a Vasco, a Epopeia da Tijuca, 1998

(Samba-Enredo da Escola de Samba Unidos da Tijuca)

Compositores: Adalto Magalha, Serginho do Porto, Márcio Paiva e Adilson Gavião

Intérprete: Serginho do Porto e bateria da Unidos da Tijuca (Diretor de Bateria: Mestre Ciça)

Lançamento: 1997 (faixa 10 do álbum “Sambas de enredo das Escolas de Samba do Grupo Especial – Carnaval 1998”, da BMG)

Áudio: acervo pessoal

Foto: Revista Manchete de 28/02/1998

 

Letra:

 

Eu sou Cruz de Malta, sou felicidade

Vou balançar toda a cidade

Eu gosto assim!

Vamos nessa, Tijuca! Agora é pra valer! Segura! No suingue!

 

Vamos vibrar meu povão (É gol, é gol)

A rede vai balançar, vai balançar

Sou Vasco da Gama, meu bem

Campeão de terra e mar

 

Através da mão divina (Amor)

Naveguei (naveguei)

O meu sonho de menino

Quis assim o meu destino

Portugal e toda a Europa encantei

Naveguei

E novos povos encontrei

Por tempestades e lendas eu passei

Pra um almirante a coragem é a lei

Por tantos mares viajei

Na Índia eu então cheguei

Veio o progresso nessa aventura

Descobertas e culturas

 

É nessa onda que eu vou

O povo vai recordar

Vem com a Unidos da Tijuca festejar

 

Rio de Janeiro brasileiro meu irmão (Eu sou, eu sou)

Sou Vasco da Gama tantas vezes campeão

Quando entra no gramado me alucina

Esse clube da colina centenário de paixão

Estrela no céu a brilhar

Que faz essa galera delirar

 

Em 1998, a Unidos da Tijuca apresentou um desfile em homenagem ao centenário do Club de Regatas Vasco da Gama, começando com a história do almirante português que deu nome ao clube.

O samba entrou para o repertório vascaíno, cantado pela torcida nas arquibancadas, relançado no CD “Vasco da Gama – 100 anos de sucesso” e regravado por Sérgio Gama, Thiago Brito e Paulinho Mocidade em 2012 para o CD e o DVD “Vamos todos cantar de coração – O Show”.

Um pouco mais sobre o enredo (Fonte: Netvasco)

Na madrugada de 23 para 24 de fevereiro de 1998 (...) o Vasco recebeu uma das homenagens mais bonitas de sua história: foi enredo da escola de samba Unidos da Tijuca no tradicional desfile da Marquês de Sapucaí, ponto alto do Carnaval do Rio de Janeiro.

A aproximação entre as duas instituições se deu pelo fato do presidente da Unidos da Tijuca, Fernando Horta, português de nascimento (aliás, fato único entre as grandes escolas de samba cariocas), ter fortes ligações com o Vasco. Como o ano de 1998 marcava também os 500 anos da descoberta do caminho marítimo para as Índias pelo Almirante Vasco da Gama, a ideia de homenagear tanto o navegador quanto o clube no Sambódromo surgiu naturalmente.

A responsabilidade de contar na avenida a história de um dos personagens portugueses mais importantes de todos os tempos e, ao mesmo tempo, a do clube idolatrado por milhões de brasileiros coube ao carnavalesco Oswaldo Jardim, ex-Mangueira. O nome escolhido para o enredo foi "De Gama a Vasco A Epopeia da Tijuca". (...)

A Unidos da Tijuca foi designada como a sexta escola a desfilar na segunda-feira de Carnaval, num total de sete. Devido ao seu enredo falando sobre o Vasco, os ingressos para este dia esgotaram-se rapidamente, contrariando uma tradição de vários anos segundo a qual as entradas para o desfile de domingo costumavam ser as mais procuradas pelo público.

O fato do Vasco ter se sagrado campeão brasileiro em 1997 aumentava ainda mais a expectativa para o desfile. No ano de seu centenário, o Clube da Colina se via novamente na Libertadores e tinha acabado de fechar uma parceria milionária com uma instituição bancária dos Estados Unidos, o Nations Bank (mais tarde englobada pelo Bank of America).

O time, que contava com Carlos Germano, Odvan, Mauro Galvão, Felipe, Nasa, Luizinho, Pedrinho, Juninho (o complemento “Pernambucano” só surgiria em 2000, com a vinda do outro Juninho, que virou Juninho Paulista), Ramon, Donizete e Luizão, participou em peso do desfile. Roberto Dinamite, ídolo maior dos vascaínos, veio em cima de um carro alegórico juntamente com o técnico Antônio Lopes, o presidente Antônio Soares Calçada e o 1º vice-presidente Amadeu Pinto da Rocha. Eurico Miranda, então 2º vice-presidente, cantava a plenos pulmões o samba-enredo trajando um uniforme estilizado do clube. (...)

Um “reforço de peso” vindo diretamente da Itália também participou da festa, ora evoluindo no chão, ora sobre um carro alegórico: Edmundo, que simplesmente acabara com a bola no Campeonato Brasileiro de 1997 e estava na Fiorentina. Curiosamente, o Animal havia cogitado não desfilar na Unidos da Tijuca por causa de sua ligação com o Salgueiro, mas mudou de ideia (...).

O desfile da Unidos da Tijuca levantou as arquibancadas da Sapucaí. Se em nenhum momento foi apontada como uma das candidatas ao título, a escola tijucana teve sua atuação empolgante e tecnicamente correta destacada pela imprensa. O Jornal do Brasil, por exemplo, escreveu:

“A Unidos da Tijuca surpreendeu. Não está na briga pelo título, mas fez seu melhor desfile dos últimos tempos. Com um enredo perigoso – uma homenagem ao centenário do Vasco da Gama –, conseguiu vencer o risco de despertar a antipatia da torcida inimiga e saiu aplaudida. (...) Dificilmente, a Unidos da Tijuca estará no Desfile das Campeãs, no sábado que vem. Mas, como há muito tempo não acontecia, a escola deixou a avenida com a certeza de que fez bonito.” (...)

Na hora da apuração, entretanto, uma surpresa: com apenas 238 dos 270 pontos possíveis, a Unidos da Tijuca acabou em 13º e penúltimo lugar, somente à frente da Porto da Pedra. Ambas foram rebaixadas para o Grupo A, equivalente à segunda divisão. O título acabou dividido entre a Mangueira e a Beija-Flor, que obtiveram a pontuação máxima. (...)

O tempo, entretanto, compensou as duas agremiações. O Vasco conquistou, só naquele ano de 1998, a Taça Guanabara, a Taça Rio, o Campeonato Estadual e a Taça Libertadores da América no futebol; o Campeonato Sul-Americano de basquete (primeira conquista internacional do basquete carioca); e o Campeonato Estadual de remo, garantindo o título simbólico de “Campeão de Terra e Mar”. Já a Unidos da Tijuca voltou à elite em grande estilo, vencendo o Grupo A do Carnaval de 1999 com nota dez em todos os quesitos. (...)


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